segunda-feira, 30 de março de 2015

Novo estudo mostra como os EUA agem desde 1962 para destabilizar o Brasil

Do Blog Portal Metrópole

Novo estudo mostra como os Estados Unidos agiram e ainda agem para destabilizar o Brasil e sua politica interna e externa
Por Flávio Sérvio

O que parecia mais uma teoria da conspiração agora ganha força como fato plausível: Washington pode estar movimentando sua inteligência para desestabilizar governos da América Latina, inclusive o do Brasil. O risco de ser taxado de alienado faz com que poucos abordem o assunto. Porém, aos poucos, parte da mídia observa a hipótese de que o governo dos Estados Unidos considera a presença do PT no Palácio do Planalto uma ameaça geopolítica.
Aliada histórica dos EUA, a direita brasileira já usou do mesmo expediente no passado. E com uma atuação semelhante. O maior símbolo empresarial brasileiro, a Petrobras, por exemplo, foi alvo de uma campanha difamatória que misturou Comissões Parlamentares de Inquérito com acusações de que a estatal servia aos interesses comunistas.
Pesquisamos as edições de 1960 a 1964 dos jornais A Noite, Jornal do Brasil, Correio da Manhã, Diário de Notícias, Diário do Paraná, Folha de São Paulo, O Globo, Última Hora e Tribuna da Imprensa e foi encontrado um cenário político semelhante ao que vivemos atualmente. Notícias de crise econômica, a proximidade com a Rússia, China e países da América Latina e, não por acaso, denúncias de corrupção na Petrobras. O levantamento demonstrou que o papel exercido por parte da imprensa, a atuação da embaixada americana no Brasil e as movimentações da direita brasileira em 1964 tem uma verossimilhança com fatos que ocorrem atualmente no Brasil.

Escândalos na Petrobras serviram para desestabilizar João Goulart

Antes do Golpe de 64, em 1961, uma CPI investigou supostas irregularidades na construção de refinarias da empresa. Era presidida pelo então deputado federal Antônio Carlos Magalhães que pertencia aos quadros da UDN. A investigação em cima da estatal brasileira de petróleo durou cerca de três anos. Suficiente para manter o discurso da direita contra Jango ocupando páginas dos jornais e noticiários de rádio.
O fato, além de revelar que a corrupção naquela empresa não começou nos dias atuais, demonstra algo ainda mais emblemático: atacar a Petrobras desestabiliza o governo federal.
Símbolo do nacionalismo, mergulhar a maior empresa brasileira em escândalos torna a opinião pública suscetível ao sentimento de corrupção generalizada. No passado, funcionou como um dos ingredientes para desestruturar o governo de João Goulart, presidente que assumiu o mandado após a renúncia de Jânio Quadros, e que fora deposto em 1964 após uma intensa onda de desarticulação política que envolveu o Congresso Nacional, manifestações nas ruas, uma campanha de combate à corrupção e discursos anti-comunistas.
Um relatório da CPI foi divulgado às vésperas do Golpe de 64, precisamente um mês antes, e de forma incompleta. Foi mais um motivo para justificar o próprio golpe.
Após a instalação do regime militar, o assunto praticamente desapareceu das páginas dos jornais.

 
1964: intervenção americana não era teoria conspiratória
Dentro do processo de tornar público arquivos secretos americanos decorridos 50 anos dos fatos que geraram os documentos, recentemente, o governo dos EUA disponibilizou gravações e informações sobre o período que antecedeu o golpe de 1964 no Brasil. Os documentos comprovaram o que, até a sua divulgação, era tratado no Brasil como teoria conspiratória: o golpe militar de 1964 teve participação e apoio direto do governo norte-americano.
João Goulart, que não viveu para ver a publicação das informações, morreu sem acreditar que houve uma intervenção deliberada dos EUA.
Em uma entrevista publicada no começo deste ano, até então inédita, concedida ao jornalista norte-americano John Foster, em 1967, Goulart disse: “sob John Kennedy, os Estados Unidos recuperaram sua perspectiva positiva da América Latina. Os Estados Unidos tiveram então uma política correta, uma que estava em comunhão com o povo. Kennedy era favorável à autonomia dos governos da América e era a favor dos benefícios sociais para a população.”
A história provou que Goulart estava errado. Em 7 de outubro de 1963, Kennedy esteve reunido com Lindon Gordon, embaixador americano no Brasil na época, que sugeriu ao então presidente americano que o golpe militar era uma opção para se resolver a crise política brasileira.
Nas gravações, Kennedy perguntou, referindo-se a João Goulart: “Temos alguma decisão imediata para pressioná-lo?”, “O que devemos fazer imediatamente no campo político, nada?”, prosseguiu, sobre as atitudes esquerdistas de Goulart.
Gordon revelou haver dois planos: “Goulart abandona a imagem [de esquerdista] e resolve pacificamente. Ou talvez não tão pacífico: ele pode ser tirado involuntariamente”.
Dois meses antes, em agosto de 1963, a Embaixada dos EUA no Brasil encaminhou um telegrama ao Departamento de Estado em Washington. O documento levava a seguinte afirmação de Lindon Gordon: “é quase certo que Goulart fará tudo para instituir alguma forma de regime autoritário”. Documentos do Wikileaks vazados em 2011 revelaram que a Embaixada Americana continua a enviar informações sobre o governo brasileiro aos Estados Unidos.


Em 2007, Heráclito Fortes pediu intervenção dos EUA no Brasil

Um dos políticos que já colaborou secretamente com o governo dos EUA é ninguém menos que o atual deputado federal pelo PSB e ex-senador piauiense pelo PFL, Heráclito de Sousa Fortes. Em documento secreto da Embaixada Americana datado de 13 de novembro de 2007 e enviado à CIA(serviço de inteligência norte-americano), NSA (Agência de Segurança Nacional) dos EUA e ao Departamento de Energia dos Estados Unidos, o então senador, que era presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, repassou informações sigilosas para Washington e instigou uma ação de intervenção mais dura no Brasil. “Vocês são crianças: você ignora o problema demoradamente e então é tarde demais”, disse Heráclito de uma forma tão enfática que essa parte do relatório recebeu do embaixador Sobel o título de “You are Children” – Vocês são crianças.
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Confira o artigo original no Portal Metrópole: http://www.portalmetropole.com/2015/03/novo-estudo-mostra-como-os-eua-agem.html#ixzz3Vuu6vBgA

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